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Características principais

Título do livro
GERAÇÃO ARMADA
Subtítulo do livro
LITERATURA E RESISTÊNCIA EM ANGOLA E NO BRASIL
Autor
RUIVO, MARINA
Idioma
Português
Editora do livro
Alameda
Edição do livro
2015-09-01 00:00:00
Capa do livro
Mole
Ano de publicação
15
Marca
Alameda
Modelo
Modelo Padrão

Outras características

  • Quantidade de páginas: 296

  • Altura: 1 cm

  • Largura: 16 cm

  • Peso: 300 g

  • Gênero do livro: História

  • Tipo de narração: Manual

  • ISBN: 9788579393273

Descrição

"Para mim, a literatura continua sendo aquilo que nos salva, inclusive de nós mesmos. Da nossa humanidade tão difícil.” Estas belas palavras são da autora desta obra, quase no seu encerramento, comentando a distância de dez anos entre a conclusão de sua dissertação de mestrado, que é a matriz desta publicação, e sua edição definitiva agora, sob a forma de livro. De certo modo, esta observação cabe também como síntese dos testemunhos que ela, Marina, analisa, de dois ex-guerrilheiros escritores ou vice-versa, Pepetela em Angola, e Carlos Eugênio Paz no Brasil. São muitos os aspectos abordados neste livro indispensável para quem quiser se debruçar sobre a história da luta armada em ambos os países, suas ressonâncias nas respectivas literaturas e também sobre a ressonância do empreendimento literário na leitura dos eventos históricos passados. O fulcro da reflexão de Marina acerca da experiência da guerrilha e a posterior experiência literária está no cotejo comparativo entre duas opções éticas com a consequente recuperação da história pela “estética do testemunho”. As duas opções éticas são a da decisão de aderir à luta armada e, depois, a de narrar esta adesão e suas consequências, pesando suas contradições, trajetórias, impasses, fracassos e conquistas. A estética do testemunho impõe o redimensionamento da experiência pessoal pela construção ficcional, ao invés do outro caminho, que seria o do depoimento autobiográfico. A opção estética alarga os horizontes do depoimento, permite o desdobramento do ponto de vista dos autores e dá mais liberdade para a reflexão a posteriori sobre o que de fato aconteceu, e também sobre o que era projeto, mas deixou de acontecer, e as cicatrizes destas fricções que se dão no campo da memória. A leitura comparativa – e muito rica pelo cotejo que faz – de Marina lembra dois títulos da trilogia de Isaac Deutscher que narra a biografia de Leon Trotsky. O primeiro título é o da “Derrota na vitória”, do livro O profeta armado. Ele recobre a experiência dos guerrilheiros e do narrador em terceira pessoa (mas que procura dar voz à intimidade de seus personagens através do indireto livre) diante da conquista de seu objetivo primeiro – a independência de Angola – mas do fracasso de seu projeto de transformação radical da sociedade em que viveram ou vivem. A Angola independente não é o país socialista que almejavam, mas continua devorado pelas contradições da sociedade capitalista que eles desejavam combater e revirar de pernas para o ar. A percepção deste “vazio” transparece nas palavras do ex-guerrilheiro Aníbal: “perdi poucas batalhas, mas sou um vencido”. Já o título seguinte, “Vitória na derrota”, do livro O profeta banido, se aplica à trajetória do guerrilheiro fictício Clamart, um alter ego do Clemente em que Carlos Eugênio se transformou ao aderir à luta armada. Clamart perdeu quase todas as batalhas em que entrou; perdeu a guerra. Mas depois do furacão enfrenta outra tempestade, esta íntima, que é a da reconstrução da memória, no esforço de sobrepujar o esquecimento individual e coletivo. Neste sentido, a sua narrativa é uma vitória, não ocultando nem mesmo os duros embates éticos e antiéticos que sua opção lhe apresentou. Ao fim e ao cabo deparamos com três vitoriosos, que encaram as contradições dos momentos que viveram. Os dois autores dos livros cotejados, e a leitora crítica e perspicaz que é Marina Ruivo, cujo cotejo entre as obras ressalta as peculiaridades de cada uma, dentro do esforço comum de transformar o mundo que elas guardam e reiteram por meio da reconstrução da memória. Flávio Aguiar Sobre a autora: Marina Ruivo é doutora e mestre em Letras pela USP. Preparadora e revisora de textos há mais de dez anos, atualmente é professora da Faculdade Cásper Líbero e tem contos publicados em revistas literárias como a R.Nott e a Diversos Afins. Mantém uma coluna mensal na Revista Samizdat.